Dia 11 - 24 de julho de 2012 - Valeu!

Temporada Julho 2012

Eu não poderia começar de forma diferente a não ser dizendo: dizem que sou louco, por pensar assim, se sou muito louco, por eu ser feliz, mais louco é quem me diz, que não é feliz, eu sou feliz.

Resolvi desta vez escrever algo maluco doido ou pirado, afinal loucura é segundo a psicologia, uma condição da mente humana caracterizada por pensamentos considerados anormais pela sociedade. Aqui com certeza eu sou um dos maiores loucos do mundo, pois fazer coisas fora do padrão se tornam tão normais e cotidianas que na realidade é difícil voltar para a vida ou quem sabe ao mundo real. Engraçado que vivo normalmente mais de 330 dias ao ano, e os poucos dias aqui fazem realmente minha loucura se tornar insana.

Vou tentar descrever esta loucura com simples palavras, que provavelmente podem não fazer sentindo algum, mas minha loucura me impede de não tentar.

Vamos por partes do nosso dia, começando pelas refeições com um monte de gente falando, gritando, correndo, cantando, trocando de mesa e ficando proibido de falar sem encostar na cadeira. Concordamos que é loucura?

Que tal um quarto onde tem gente que prefere dormir apertado do que confortavelmente só para ter todo mundo junto, ou um lugar que ninguém deixa você dormir porque todos querem ficar conversando o máximo possível. Imagine então ser acordada todo dia com um monitor gritando na sua janela. Que loucura é esta?

Jogar diferentes jogos e atividades o dia inteiro, competindo, sujando, ralando, rindo e sempre perdendo para os monitores, porem nunca desistindo de tentar novamente. Vai ser louco assim lá longe.

Agora a maior loucura de todas foi descer o Insano nesta água gelada.

Poderia falar de loucuras como striptease na janela, de segredinhos engraçados, de fofocas sobre a vida de todas as pessoas da temporada, penas de travesseiro no chão, um tal de número 4, sumiços de 3 horas em Atibaia, ronquinho da Cubatão, rolamento nas camas, presentes que não cabem na mala, vídeo game no quarto, amizades no skype, pasta de dente na cara, danças antes de dormir, trote no celular de alguns meninos, cabelos raspados de formas estranhas e uma cueca resistente a um super cuecão.

Eu diria que tenho uma temporada de muitas historias e que não consigo realmente explica-las pois parecem que todas estão conectadas, e se contadas separadamente não fazem sentido algum, eu precisaria falar muito para explicar o inexplicável, ou seja, a loucura que sentimos aqui. Portanto irei falar apenas o que realmente consigo expressar do fundo do meu coração, e cada um interprete da forma que julgar melhor.

As vezes brigamos porque simplesmente nos importamos com as pessoas, precisamos falar mais alto no intuito de orientar e de querer o bem, mesmo parecendo totalmente o contrário. Não consigo ver raiva em ninguém da temporada mas atitudes desnecessárias podem acontecer, perdoar, seguir em frente e realmente querer melhorar são as coisas mais importantes.

Podemos então falar que vamos desistir ou tentar e depois voltamos atrás, errar é uma opção, se aquilo é realmente importante e faz falta, temos que lutar para manter acesa a vontade de simplesmente esta vivendo uma experiência mágica. De alguma forma seu esforço sempre é recompensado.

Tem coisas que acontecem pela primeira vez, outras que acontecem todas as temporadas, mas o mais legal é contar que vivemos juntos estes momentos únicos, onde trocamos olhares e sorrisos que em alguns momentos encantaram e outros nos fizeram pensar, por que não quero ir embora amanhã? O que será que passa na cabeça de cada um e porque ninguém consegue explicar o que acontece com todo mundo aqui.

Falando em emoções, como nos sentimos em jogos onde portas se abrem e luzes acendem como magia, ou algo com uma base redonda e todo mundo dentro tentando salvar apenas uma pessoa. Poderia ser o estouro de 6 rojões a cada 10 minutos ou então um ataque de Orcs e uma batalha épica onde um mago a cavalo chegou para salvar vocês, em uma gritaria caótica e organizada ao mesmo tempo.

Mas tanta loucura não pode ser realizada apenas por uma pessoa, neste caso não posso esquecer de um bando especial de loucos, loucos de verdade, porque estes eu sei que eu mesmo enlouqueço  com pedidos e exigências de perfeição, maturidade e até mesmo de “alinhamento na comunicação”.

Loucos que me fazem sorrir nas quintas-feiras falando da vida e do acampamento, loucos que deixaram de ser equipe e se tornaram família. Loucos que analiso constantemente para entender o que os motivam e o que os fazem viver tudo isto aqui incansavelmente.

Com estas analises percebo que cada vez fica mais nítido porque eu e o Salli somos tão amigos, para nos os detalhes são tão importantes que não podem ser esquecidos, o que eu tentar falar a mais aqui seria muito simples pelo que todos viram na temporada. Não posso esquecer que fico cada vez mais exigente e chato, mas ao mesmo tempo dependente e ouvinte da Angelina e Carol, não conseguiria fazer poucos segundos de temporada sem elas, vocês devem saber disto e entender o tamanho de vocês.

Tenho que lembrar da magia nos olhos do Dé no jogo Senhor dos Anéis, que foi ideia dele, ou a empolgação do Indio no tirar de um fio de vida, para quem se dedicou a ajudar em tudo ele merecia este sabor. Reparei a tia Carol de SJ que tinha uma cota alta de trabalho, mas mesmo assim acordou rindo de todo este banho de loucura e tratando todos carinhosamente. Poderia dizer que o tio Cadu me surpreende com a loucura intelectual que me faz normalmente ser mais duro com ele pelos argumentos, mas somos tão amigos que fica difícil ser duro na maioria dos momentos. Diria então que a Tia Vicky se tornou mais falante, madura e confiante nas opiniões, podendo resumir como uma cara de pau que fica vermelha. E pela primeira vez consegui ver o tio Preto como um monitor e como poderia trabalhar mais com ele, pois não é a camiseta que faz a pessoa, mas a postura e atitude que realmente mostram quem ela é.

É! Se tornar normal novamente vai ser muito difícil.

Pensar então que amanhã nós veremos nossos pais, família e pessoas queridas, que são muito importantes na nossa vida e de alguma forma nos incentivaram a estar aqui, e então precisaremos passar por uma TPA, tensão pós acampamento, onde vamos por um período querer deixar eles de lado e apenas lembrar do que foi tudo isto, revendo fotos e lembranças guardadas.

E infelizmente existirá uma distancia que deixará impossível sair do quarto e ficar deitado na beira da piscina vendo a Maria Eugenia cair na água, ou então terminar a tarde sentados batendo papo ou jogando bola. O silencio das refeições podem incomodar e por mais que tentemos a internet não vai substituir o que vivemos juntos. Aquelas camas todas juntas ou o quarto rindo de noite ficam apenas em recordações que iremos dar risadas em algum dia sozinho.

E se pudesse complementar diria não desista de tentar explicar para as pessoas o que acontece aqui, por mais que seja quase impossível, é importante tentar, quem sabe se trouxéssemos alguns mais para ver?

Vou resumir e finalizar dizendo que tenho orgulho de ser louco e esta é a coisa mais normal do mundo. Afinal de contas o lugar que nos fez sonhar e viver toda estas aventuras se resume com um: Aqui tem um bando de loucos, ninguém segura os loucos.

E me despeço com o sempre, bom inicio de saudades.

Tio Carlão